Desatempo
de.sa.tem.po [n. masc]
1. Doutrina, prática ou atitude contrária ao atual regime de temporalidade.
2. Ideia que rejeita a produtividade como meio ou fim de uma sociedade.
3. Movimento que questiona as categorias que a sociedade toma por garantidas.
4. Local onde se cria, inventa e transforma.
5. Princípio que rejeita o conformismo e a mera reação à espuma dos dias.
[De desa+tempo]
Seis elementos formam um Desatempo. Seis pessoas que nasceram depois da queda do muro, em vésperas da invasão do Iraque. Seis amigos que se juntaram para criar algo de novo. Criar novos futuros, novas ideias, novos lemas e novas críticas. Criar um novo tempo, rejeitando o tempo que nos é imposto. Neste espaço propomos desacelerar o tempo — um Desatempo.
A amizade é fundamental, mas não é apenas ela que nos une aqui. No Desatempo, partilhamos um objetivo comum. Um objetivo remoto, muito mais antigo do que qualquer leitor destas palavras. Um objetivo formulado por mulheres e homens ao longo da história, através de atos de subversão e palavras de revolução. O objetivo escrito por Marx, Lenine, Louise Michel, Gramsci, Angela Davis. O objetivo de todos os anónimos que lutaram e morreram por ele. Um objetivo por completar, até hoje. A libertação total. A abolição dos sistemas de opressão. A criação de um novo mundo.
A libertação é o nosso objetivo comum, mas estamos longe da unanimidade. Cada um de nós é um produto do seu caminho, das suas lutas e das suas leituras. Alguns, mais ortodoxos, deitam-se com o 18 de Brumário na sua mesa de cabeceira; outros, enamorados pelo pós-modernismo, estão ocupados a desconstruir a vítima mais próxima no seu radar. Pelo meio, alguns não sabem bem o que são — apenas o que querem. Em conjunto, construímos um Desatempo.
A nossa criação é a escrita. A escrita de ensaios, de recensões, de contos e de qualquer texto que conduza as nossas ideias. Publicamos longas e curtas, dependendo da nossa disposição — e tempo. Não nos comprometemos com periodicidades, nem temos o objetivo de informar. O nosso compromisso é ideológico. A partir das nossas palavras, das nossas discussões e das conclusões que daí nascem, juntamo-nos a algo muito maior que nós. Colocamo-nos ao lado de todas e todos que recusam a indiferença perante a decadência. Abraçamos o Desatempo.